terça-feira, 19 de julho de 2011

Acrissul faz alerta sobre presença de nova ONG no Pantanal de MS

A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), fez essa semana um alerta sobre a presença da ONG “SOS Pantanal”, que iniciou uma peregrinação pela região, a fim de levantar informações para municiar organismos internacionais. O alerta foi lançado durante a gravação do programa “Caminhos da Produção”, que está no ar pelo Canal Agromix, apresentado pelo presidente licenciado da Acrissul, Francisco Maia. Participaram da gravação os pantaneiros Tinho Proença (presidente do Sindicato Rural de Aquidauana) e Leonardo de Barros (presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica), além do consultor José Antônio Felício.

Segundo o apresentador do programa, a ONG lançou a expedição na semana passada, e já traçou por conta própria um roteiro que será acompanhado de pessoal com pesada infra-estrutura para gravação de imagens e vídeos, “à moda Jacques Costeau”, compara Maia. Para Leonardo de Barros, “tudo o que é para preservar é positivo, mas nos preocupa o caráter meramente midiático que a iniciativa tem”. Para Tinho Proença, é preciso se preocupar com o que “há por trás dessas ONGs, que na maioria das vezes só quer montar um cenário para receber recursos internacionais.” O fato é que a ong “SOS Pantanal” não representa a preocupação dos pantaneiros, “porque simplesmente o Pantanal não está pedindo socorro”, afirma Maia no programa, preocupado também com os reflexos disso no Código Florestal, que se encontra em discussão no Senado.

Estudos de organizações sérias indicam que o Pantanal tem 87% de sua área totalmente preservada, e a região convive harmonicamente com a pecuária há mais de 200 anos. “Nossa preocupação é que essa ONG divulgue lá fora somente os aspectos negativos da presença humana no Pantanal. É fácil fazer sensacionalismos e afirmar somente que 13% do Pantanal foram destruídos”, alerta Leonardo de Barros.

Outra preocupação dos proprietários pantaneiros é que a ONG traçou um roteiro sem comunicar a ninguém, nem a proprietários, nem a associações de classes, ou mesmo consultou a Embrapa-Pantanal, que está na região há 30 anos e é a maior autoridade científica da região. “Tudo o que precisamos saber sobre o Pantanal já sabemos; ninguém preserva melhor a região que o homem pantaneiro”, afirma Tinho Proença. Preocupadas, as entidades alertam que a ONG vem realizando visitas e gravando imagens sem autorização dos proprietários – nem mesmo para adentrar as propriedades. “Dizem que a intenção deles é criar um manual de boas práticas, mas que manual?’, questiona ele.

Para o consultor do programa, José Antônio Felício, é estranho que a Embrapa-Pantanal não tenha sido consultada. “A entidade detém o controle científico do Pantanal. A iniciativa da ONG foi uma afronta ao homem pantaneiro”, afirmou. Leonardo de Barros reforça que a relação do centro de pesquisa da Embrapa na região com os pantaneiros é histórica e harmoniosa, e os participantes lembraram dos estudos inéditos sobre a anemia infecciosa eqüina desenvolvida e que tornou-se uma referência mundial sobre a doença, por exemplo.

Tinho Proença lembra que o manejo de gado no Pantanal cria uma relação preservacionista do meio ambiente. Ao pastar o capim o gado evita que incêndios sejam iniciados ou se alastrem pela região, como já aconteceu em áreas onde a pecuária foi proibida. “O boi é o bombeiro do Pantanal”, compara o apresentador Chico Maia. Em áreas no Pantanal onde o pastejo foi proibido por ONGs donas de fazendas, o capim cresce viçoso e cria um combustível perfeito que, em caso de incêndio, torna o fogo incontrolável e a destruição é certa.

Sustentabilidade natural
Mato Grosso do Sul detém 2/3 do Pantanal brasileiro, e a presença humana na região data de mais de 200 anos, combinada com a exploração sustentável da pecuária. A presença da ABPO (Associação Brasileira de Pecuária Orgânica) na região, que tem apoio sério e comprometido da WWF, mostra que é possível se implementar ações na região de forma a ajudar o homem pantaneiro a minimizar dificuldades naturais, além de proporcionar um marketing positivo tanto para o turismo quanto para outros produtos do Pantanal, como o boi orgânico.

Os presentes cobraram ações concretas também envolvendo órgãos públicos. “Não há hospitais e faltam escolas e infra-estrutura de transporte no Pantanal”, cobra Leonardo. Para Maia, que encerrou o programa prestando uma homenagem à coragem e à responsabilidade do homem pantaneiro, os poderes públicos precisam criar ferramentas para valorizar o produto pantaneiro – “e mais que isso, para contribuir com a difusão da imagem da comunidade pantaneira, uma comunidade preservacionista, preocupada em manter aquele ecossistema livre da exploração descontrolada daqueles que só querem vender a desgraça para chamar a atenção”.

SERVIÇO:
O programa “Caminhos da Produção” vai ar durante a semana pelo Canal Agromix, canal 36 (www.agromix.tv).

Mais informações:
(67) 3345-4200 – Acrissul
(67) 3042-7587 - Via Livre Assessoria de Imprensa

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