sábado, 23 de julho de 2011

Cor e raça: como classificar o brasileiro?

Flavia Carrijo
O estudo feito pelo IBGE "Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça", coletou informações em uma amostra de cerca de 15 mil domicílios e mostrou que 96% dos entrevistados afirmam saber a própria cor ou raça.

Destes 96%, ao serem indagados sobre sua cor ou raça, 65% utilizaram uma das cinco categorias de classificação do IBGE (branca, preta, parda, amarela e indígena), além dos termos "morena" e "negra"). Vamos aos números: branca (49,0%), preta (1,4%), parda (13,6%), amarela (1,5%) e indígena (0,4%), além dos termos "morena" (21,7%, incluindo variantes "morena clara" e "morena escura") e "negra" (7,8%).

Notem que 49,0% se declararam brancos e apenas 1,4% negros, e se somarmos todas as outras categorias apontadas pelo IBGE, apenas 38,6% não se classificaram como brancos.

Sempre que nos deparamos com uma pesquisa como esta, em que apenas dados são divulgados sem uma análise e descrição mais detalhada, diversas interpretações e questionamentos podem ser feitos.

Qual a finalidade real deste tipo de pesquisa? Apenas a percepção "equivocada" que o brasileiro tem sobre sua etnia? A pesquisa do IBGE, que é feita com recursos públicos, seria para criação de políticas públicas? Quais exatamente? Quais foram os estratos sociais pesquisados? E quem são estes 49,0% de brasileiros brancos?

Outros dados que intrigam são do Distrito Federal, que, com seus pouco mais de 2,5 milhões de habitantes provenientes de todo o Brasil, obteve a maior porcentagem da resposta "negra" (10,9%) e as respostas "branca" e "parda" tiveram proporções iguais (29,5%). E entre as unidades da federação pesquisadas, também teve o maior percentual de resposta afirmativa quanto à influência da cor e raça em suas vidas (77,0%).

A formação da população brasileira sempre provoca debates, embora todos concordem que somos o produto de um complexo processo de miscigenação. Mas qual o resultado real desse processo?

Nenhum comentário: