domingo, 31 de julho de 2011

Educadores pedem que pais imponham limites e digam mais “não”

Rodson Willyams
A falta de limites enquanto crianças é um dos principais motivos que apontam para a marginalização de adolescentes. A geração que cresce está sendo educada pelos pais sem limites e sem o conceito de frustração. Por isso, quando se deparam com uma frustração, perdem o controle por não saber a lidar com isso. Uma das válvulas de escape se direciona para a violência. Segundo os educadores, ela só tende a aumentar.

Dois recentes casos policiais envolvendo menores que chamaram a atenção em Campo Grande: duas garotas de 14 anos de idade envolvidas num latrocínio (roubo seguido de morte) e um arrastão no shopping combinado pela internet por adolescentes de 13 a 16 anos de idade.

De acordo com alguns estudos envolvendo adolescentes a falta de limites tem consequências negativas para a criança e para o seu desenvolvimento.

A falta dos valores éticos e morais para a formação da personalidade acarretam em sérios problemas na sociedade na qual vivemos hoje. Como por exemplo, a violência urbana.

Para a psicóloga Lidiane Cavazzana, de 26 anos, os pais se sentem impotentes por não saber como dizer o “não” e com isso querem agradar mais os filhos.

“Isto gera um ciclo vicioso que acarreta em mais falta de limites para os filhos e com isso aumenta a impotência dos pais”, explica.

Ainda segundo ela, “se os pais soubessem a importância do sentimento de frustração para seus filhos, deixariam de se preocupar de serem bons pais apenas para satisfazer a vontade dos filhos e diriam mais 'nãos' desde cedo".

Para a supervisora Maria Cristina Martins da Silva, de 33 anos, a falha seria essa: “Eu costumo dizer que o erro dos filhos é a falha dos pais. Então eu procuro sempre participar da vida dos meus filhos, fico sempre atenta as amizades e a qualquer comportamento que seja estranho. Eu procuro sempre saber o por quê até mesmo para que no futuro isso não venha de uma certa forma alterar o caráter e a personalidade dos meu filhos. A culpa do que acontece hoje para mim é dos pais”.

Conforme a professora e conselheira do Conselho Tutelar, Aleles Isabel de Oliveira Gomes, "o poder público está preocupado em oferecer uma boa qualidade de ensino. Mas o que acontece que os pais estão criando seus filhos com muita liberdade. Hoje se a criança faz coisas erradas é culpa da escola e não por ai, essa liberdade é muito perigosa para os seus filhos. Os pais devem dar um espaço aos seus filhos, mas essa liberdade ela tem que ser vigiada”, explica.

Ainda de acordo com Aleles, “os pais devem se organizar e encontrar um momento de ficar com seus filhos, ter um momento de lazer, voltar a ter aquele encontro de família. Porque o que eu vejo que essa juventude está sem objetivo de vida. Não há incentivos para que elas adquiram a cultura do vencer. Os pais precisam estimulá-los para isso”.

A psicóloga Lidiane explica ainda que em uma família sem estrutura, “chega uma fase onde os filhos não vão ter o respeito e nem vão adquirir os valores que passam de geração para geração. Sem esses valores, eles passam por cima dos pais, e por este motivo, cresce a violência entre pais e filhos. A falta de respeito com os mais velhos e os crimes bárbaros cometidos por motivos banais, são os exemplos que notamos nos dia de hoje”, finaliza.

O caso semelhante que se pode mostrar é o do administrador de empresa Thiago Marques Rosa, de 26 anos.

O rapaz foi morto no dia 16 de julho por sete pessoas, sendo quatro adolescentes e três adultos. Os autores são conhecidos e amigos: duas garotas, de 14 e 15 anos e um rapaz de 17 anos, que premeditaram o crime.

O objetivo seria conseguir dinheiro para o trio morar junto, numa espécie de república.

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