terça-feira, 19 de julho de 2011

Em 2011, 21 mil pessoas se afastaram do emprego devido a uso de drogas

Foi constatado em balanço do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que 21 mil trabalhadores em média precisaram se afastar do emprego no primeiro semestre de 2011 para tratar o vício no uso de entorpecentes. Este número foi 22% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.

Em entrevista ao SRZD, a psiquiatra e chefe do Departamento de Dependência Química da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, Analice Gigliotti, explicou que os motivos para que um empregado seja usuário de drogas variam entre predisposições biológicas, psicológicas e sociais. Ansiedade, depressão, estresse excessivo no ambiente de trabalho, crises de toda natureza e o meio social em que o indivíduo encontra-se inserido constituem causa da utilização de drogas.

Gigliotti diz que o funcionário que necessita de tratamento sobre este vício normalmente é afastado pelo comportamento incorreto e inefeciente que apresenta, tal como a perda de documentos e papéis, atraso na entrada e irritação exagerada. Alguns deles chegam até mesmo a ir trabalhar alcoolizados. Quando é detectado um trabalhador com este tipo de comportamento, normalmente o fato não se espalha. O ideal é que apenas a assistente social da empresa e o chefe saibam dos pormenores da situação.

Ressalta que a empresa considera esta pessoa como alguém que está doente, e por isso necessita de auxílio para melhorar. Sendo assim, ela não deve ser demitida, mas sim, receber ajuda. Essa assistência pode ser dada pela própria empresa ou então ser custeada por ela (reembolso de gastos com atendimento ambulatorial, medicamentos e outros). Nos dois casos, a assistente social mantém acompanhamento.

A psiquiatra também disse que o preconceito contra o funcionário que volta à ativa na maioria das vezes só é manifestado por seus colegas de trabalho quando se é afastado com frequência. Do contrário, não. Mesmo porque, a ideia é que eles nem saibam do ocorrido com tantos detalhes.

Uma vez viciada, a pessoa carrega predisposição à recaídas para sempre. Portanto, o momento certo de voltar a trabalhar é quando o empregado entende a sua fragilidade perante as drogas, aceita que é doente, e consegue se manter controlado, sem fissura para utilizar entorpecentes. De acordo com Analice "a pessoa que se viciou está predisposta a recaídas e este vício é uma doença crônica por definição". Sendo assim, mesmo que a pessoa volte a trabalhar, o pós-tratamento é indispensável.

Questionada sobre a ação das empresas frente a este problema, a psiquiatra afirmou que geralmente as empresas que se preocupam com esta questão realizam campanhas de prevenção e conscientização em relação ao tabagismo, alcoolismo e drogas. As ações consistem em oferecer palestras sobre estes assuntos, espalhar cartazes e realizar a detecção precoce das pessoas que precisam de ajuda, tais como exames toxicológicos (esta última ação ainda é embrionária e precisa de melhoras). Em suma, as empresas que aderem a este comportamento procuram manter um projeto de comunicação eficiente para que seus funcionários mantenham-se informados e conscientizados dos efeitos e consequências do consumo de drogas, álcool e cigarros.

Ainda não se tem projeções de aumento, diminuição ou estagnação para o número de trabalhadores afastados para tratamento do vício em drogas.

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