quinta-feira, 7 de julho de 2011

Estudantes fazem ‘beijaço’ em protesto contra política do governo chileno para Educação

Milhares de universitários realizaram, na noite passada até as primeiras horas da manhã desta quinta-feir, na principal praça desta capital, um “beijaço” para protestar contra o governo chileno. Casais se beijaram por vários minutos, para exigir melhorias no ensino público chileno, informaram organizadores da manifestação.

O protesto singular ocorreu na praça de Armas de Santiago, onde casais de universitários beijaram-se simultaneamente, após ordem dos organizadores, em um ambiente pacífico acompanhado por um acompanhamento musical, segundo constatou um jornalista da agência francesa de notícias AFP.

– Convocamos o ‘beijaço’ pelas redes sociais e escolhemos essa forma de protesto porque é uma forma de entrega ao compromisso, porque queremos que isso seja feito pelo Estado com a educação, e que ponha paixão, porque a educação é um direito – disse à agência Emma Luza, líder estudantil.

Os estudantes protagonizaram anteriormente duas manifestações que, segundo os organizadores, reuniram mais de 80 mil universitários, secundaristas e professores que protestaram no centro de Santiago.

Os protestos exigem profundas reformas na educação pública, como o aumento do aporte fiscal (de 4% do PIB para os 7% recomendados pela Unesco), e acabar com o esquema que permite a algumas universidades privadas receber fundos estatais e não pagar impostos, com o argumento de não serem rentáveis economicamente.

Diante da pressão dos protestos, o presidente Sebastián Piñera apresentou nesta quarta-feira o que o governo denominou de Grande Acordo Nacional de Educação, que inclui a injeção de US$ 4 bilhões no setor, um aumento de quase 80% das bolsas de estudo e a criação de uma Superintendência de Educação.

Mas a proposta do governo foi rejeitada pelos sindicatos de estudantes e professores, que anunciaram uma greve nacional para a próxima quinta-feira, 14 de julho.
Mais protestos

O “beijaço”, após iniciado na Praça de Armas, espalhou-se por outras partes do país, em uma verdadeira maratona de beijos em praças de diferentes cidades chilenas, como parte dos protestos pedindo reformas no sistema de educação do país.

A manifestação, realizada pelos estudantes do ensino médio e chamada de “besatón” será repetida, como forma de driblar a ordem do governo de deter as manifestações públicas.
“Precisamos de milhões de beijos por uma educação pública gratuita no país”, comunicaram os manifestantes através do Facebook.

A manifestação foi realizada na praça em frente ao Congresso Nacional, na cidade de Valparaíso, a cerca de duas horas do centro de Santiago, e em lugares de norte a sul do país como Arica, Iquique, Antofagasta, La Serena, Concepción, Valdivia e Puerto Montt.

A previsão é que um novo “besatón” seja realizado nesta quinta-feira em Santiago, a capital do país. Nas últimas semanas, os estudantes do ensino médio e, principalmente, universitários intensificaram os protestos pedindo educação gratuita no Chile.
Insatisfação

Segundo analistas, este foi “um dos maiores protestos dos tempos de democracia”, como afirmou à agência inglesa de notícias BBC o professor de ciências políticas da Universidade do Chile, Guillermo Holzmann.

– Os protestos mostram a insatisfação dos jovens e os problemas que ainda temos no nosso sistema democrático – disse.

No plano anunciado na véspera, o presidente Sebastián Piñera também prometeu ampliar a criação de linhas de crédito, que terão de ser oferecidas pelas universidades aos estudantes de famílias mais pobres. Mas, segundo opositores, ele não atendeu à expectativa dos universitários de acesso à educação gratuita as universidades públicas e privadas são pagas no país desde os tempos do regime de Augusto Pinochet e consideradas caras pelas famílias das classes média e baixa.

– Alguém disse que deveríamos estatizar nosso sistema educativo. Mas sou contra porque sou a favor da qualidade do ensino – afirmou Piñera, no pronunciamento.

Popularidade

A popularidade do presidente caiu para os níveis mais baixos da sua gestão, segundo levantamentos divulgados esta semana, atingindo 35% em maio – o menor índice de um presidente na democracia, de acordo com o Centro de Estudos de Realidade Contemporânea (CERC).

Na quarta-feira, o reitor da Universidade do Chile, Victor Pérez, disse que o anúncio de Piñera foi útil para a “retomada do diálogo” dos reitores com o governo.

– Esperamos que as medidas cumpram a lei que diz que as universidades devem ser instituições sem fins lucrativos – afirmou. As opiniões foram diferentes entre os líderes estudantis.

Por Redação do correio do Brasil, com agências internacionais - de Santiago


Nenhum comentário: